Denia Dutra
Livros: Vestígios; Num Passado Não Muito distante; Sob Julgamento
segunda-feira, junho 13, 2016
quarta-feira, junho 08, 2016
quarta-feira, junho 01, 2016
sexta-feira, abril 01, 2016
Enquanto chove lá fora...
Não
desenhamos aquela cena que ilustra agora, a minha saudade
Instalamos
frente a janela que se abre para entardecer,
Somente o
barulho da chuva fina sobre as folhas das plantas
A
proximidade de dois corpos, apenas a contemplar a natureza
A blusa em
decote baixa, o cabelo preso,
Quão
inocente meu desejo... nosso desejo,
Suas mãos
ousadas, porém com receio, deslizam meus braços nus
Como recuar
se eu também desejava sentir você
A trilha
sonora perfeita da natureza,
Sinto sua
barba encostar meu cabelo, orelhas,
Senti sua
boca deslizando meu pescoço,
Como recuar
se eu também desejava sentir você
Não foi um
minuto, foram segundos...
Sentir seus
lábios tocando minha pele,
A barba nos
meus ombros nus,
Uma corrente
magica invadiu meu corpo
Não apenas
um desejo carnal,
Um gozo de
almas que se reencontram
Fiquei a
mirrar as plantas, o barulho da chuva
O silêncio
de nossas vozes, seus braços envolto
O grito de
prazer daquele momento único
Mas a
realidade é fugaz e traiçoeira
Não me
entreguei aos laços do desejo
E deitei
minha alma no impossível daquele amor.
Denia Dutra
– 12102015 0h49
domingo, outubro 11, 2015
Leia o primeiro capítulo
Sob Julgamento
Parte 1
Dos fatos
Qualquer mulher se apaixonaria por Werner,
herdeiro de uma fortuna incalculável
herdeiro de uma fortuna incalculável
e dono de uma personalidade encantadora.
O que poucos conheciam era sua faceta manipuladora,
capaz de alterar o destino de todos.
1
Uma típica tarde de verão. Chuva, sol, chuva. O reflexo do sol batia luminoso sobre o asfalto molhado, e fumaça quente evaporando do chão aumentava ainda mais o calor. A música Satisfaction fazia eu me sentir como uma adolescente no Rock in Concert. Aumentei o volume. Há muito não ouvia Rolling Stones com tanto prazer. Desde o meu casamento, cinco anos antes. Era a primeira vez que enfrentava uma autoestrada. Estranha sensação de suficiência, de uma liberdade perdida ainda muito jovem.
Já passava das cinco. Werner devia estar preocupado, ou melhor, furioso. A inauguração da galeria estava marcada para as oito horas da noite. Se não fosse o congestionamento logo na saída da cidade, ele já estaria com suas preciosas obras de arte. Relíquias familiares. Quanto poderia valer cada tela?
Pela primeira vez, no entanto, o plano de Werner falhou. Não havia outra pessoa em quem ele confiasse para buscar na fazenda quatro telas pintadas pelo bisavô, Alfred Haider.
Eu estava felicíssima ao volante daquela camioneta. E quem diria que não poderia dirigir tão bem quanto seu motorista? O celular tocou. Werner novamente. Havíamos nos falado menos de dez minutos antes. Dessa vez não atendi. Eram tão raros os momentos de privacidade, que, no fundo, eu desejava nunca mais chegar. Poderia fazer um retorno e desaparecer. Por que somos tão responsáveis?
Comecei a imaginar o que aconteceria se o rosto cheio de cicatrizes de Alfred saísse daquela tela e ficasse ao meu lado. Lembrei-me da história contada pelo velho negro de cabeça branca e bengala, a fisionomia assustada, como se falasse de um demônio:
— Desculpe, senhora, mas não podemos obedecer. Este quadro está amaldiçoado! O Doutô Alfred levanta da cova na hora e só Deus pra saber o que ele pode fazer com a gente.
— O senhor conhece Werner. É melhor para a sua família obedecer-lhe. O senhor sabe quais são as consequências. Não temos tempo para ficar imaginando coisas.
Foi difícil convencer os empregados da fazenda a retirarem as telas penduradas nas paredes desde o início do século. Havia muitas lendas em torno do temido Alfred. Talvez fosse esse um dos motivos
que fizeram Werner pensar muito antes de decidir expô-las.
Alfred era um excêntrico colecionador, nisso lembrava Werner. Desde sua morte, aos 103 anos, e conforme sua vontade, tudo deveria permanecer no seu devido lugar. Era um homem de atitudes contraditórias. Sua sensibilidade artística se contrapunha à sua personalidade má e obstinada.
Quando a filha mais velha retirou da fazenda alguns objetos de arte, Alfred devia ter se remexido na cova. Um inexplicável acidente a deixou paraplégica. Desde então, dizem que o espírito dele ronda
a casa. Afirmam os moradores que, ainda hoje, ouvem, nas noites de ventania o farfalhar de cipó seco batendo nas costas nuas dos escravos.
O bisavô de Werner teve várias mulheres e apenas duas filhas legalmente reconhecidas por ele. Sua maior tristeza foi não deixar um herdeiro. Veio para o Brasil com a família, ainda pequeno. Teve
uma infância difícil. Porém, ambicioso, conseguiu ao longo de sua vida adquirir uma fortuna invejável. Muito dessa riqueza veio daquelas águas que eu começava a avistar enquanto o carro deslizava nas encostas íngremes das serras que circundam Rio Azul.
O sol já começava a se esconder atrás dos morros que iam se abrindo à minha frente. A mais de 100 quilômetros, logo depois de uma curva, uma barreira policial. Freei bruscamente, quase atropelando o policial no meio da pista, acenando para eu parar.
— Apressada, senhora! Documentos pessoais e do veículo.
Rotina normal, até que me mandou abrir a carroceria. As telas sobrepostas, separadas por isopor e plástico bolha, estavam bem amarradas para evitar que deslizassem. Desci do carro.
— Não toquem nisso! São obras de arte de grande valor! —
gritei.
O policial moreno, franzino, mais para um pré-adolescente, gritou para o colega que se aproximara segurando um pastor alemão.
— Não posso deixar a porta aberta; a chuva está de lado. São
apenas quatro telas. Pinturas a óleo.
— Não é o que está parecendo. Traga o cão aqui perto.
— Isso é brincadeira! Não estão pensando que carrego drogas
aqui dentro, estão?
— Então por que o nervosismo? A senhora estava em alta velocidade.
Tentei me interpor entre eles, mas simplesmente alegaram estar cumprindo ordens. Embora as últimas estatísticas registrassem um elevado consumo de drogas na cidade, isso não justificava a
ação absurda daqueles policiais inexperientes.
Um deles foi cortando o plástico bolha com um canivete. Meu nervosismo despertou-lhes uma curiosidade ainda maior. Como explicar aquele incidente a Werner? A chuva ficou mais forte, o
latido do cão me incomodava e nem vi quando avancei no braço do rapaz. Veio outro com um rifle na mão.
— Ei, senhora, é melhor cooperar e assim vai ser liberada rapidamente. Do contrário teremos que apreender sua carga para averiguação.
Não havia alternativa senão ligar para meu marido. Mas, no instante em que peguei o telefone, um carro da Polícia Civil estacionou paralelo ao meu e dele desceu um homem que pensei ser mais um policial.
— Mas o que está acontecendo aqui?
Quatro policiais rodeavam meu carro, enquanto outros veículos passavam livremente pela barreira.
— Deixe a senhorita em paz. Tire este cão fedido daqui. Não estão vendo que ele está latindo de dor? A pata do coitado está sangrando. Quem é o animal aqui? Não sabem diferenciar uma lady
de uma traficante?
— Mas, doutor… a ordem foi revistar todos os carros com bagagens suspeitas, e o cachorro…
— Meu Deus, mas o que me arrumam!
Fiquei olhando para aquele homem com mais de 1,80 de altura, o rosto redondo, cabelo grisalho, cavanhaque bem contornado e a fisionomia mais austera que eu já vira em toda minha vida. O colete justo, pequeno demais para seu tamanho. Ele chamou o policial no canto e gritou:
— Eu disse e repito que eu cuido disso! Caia fora e nunca mais questione minhas ordens.
Continuei no mesmo lugar, olhando para aquela figura alta e imponente. A chuva cada vez mais forte. A blusa de seda clara colou no meu corpo. Sentia a água fria escorrendo. Meu coração batia descompassado; eu estava tremendo de raiva ao mesmo tempo em que experimentava uma deliciosa sensação de proteção. Enfim, aquele desconhecido me tirara de uma situação constrangedora e as
telas de Alfred estavam intactas.
— Obrigada, policial, chegou na hora certa.
— Espere, acho que nos conhecemos — disse ele, olhando fixamente em meus olhos.
— Tenho certeza de que não! Posso ir? Estou ensopada. — Senti-me impaciente com aqueles olhos negros.
— É bom se livrar dessas roupas, ou vai pegar um resfriado.
— Tudo por causa da incompetência do seu pessoal.
— Concordo plenamente. Mas, com toda experiência policial, nunca me surpreendi com uma mulher tão bonita dirigindo numa rodovia tão perigosa, ainda por cima carregando peças tão valiosas.
— São telas únicas, muito preciosas.
— Você que as pintou?
— Por que pergunta? Que diferença faz? Ou está também pensando que sou traficante?
— A senhora há de concordar que é um tanto suspeito. Da próxima vez, use uma transportadora, pois talvez eu não esteja aqui para livrá-la. E, com a pista molhada, acontecem muitos acidentes.
— Não sei se lhe devo explicação, mas saiba que essas telas foram pintadas há mais de século. E por isso valem muito mais do que qualquer quantidade de droga apreendida. Essas relíquias estarão
expostas em poucas horas. Isso se me deixar chegar à cidade.
Liguei o carro. O homem segurou a porta, ainda olhando fixamente em meus olhos.
— Estranho, tem certeza de que não nos conhecemos?
— Absoluta.
II
....
(adquire seu exemplar autografado - denia_dutra@hotmail.com)
sábado, julho 04, 2015
UMA VIDA DE SONHOS
Deixei que os versos
me conduzissem vida afora...
Intermináveis caminhos
se revestiram de esperança,
numa busca incessante por algo
que me despertasse para a felicidade...
Como se esta,
eterna fosse como as estrelas...
Mas um rochedo de ilusões
neblinou meu olhar
e deixei-me conduzir
por desejos alheios,
sem cor...
Permiti que outros sonhos
habitassem meu corpo...
Não refleti nas esquinas
e me entreguei a rotina,
ignorando que o finito
é máxima da vida,
a certeza incontestável
no tribunal de Deus...
Fui complacente comigo mesma,
assertiva errada,
de desejos incertos
que alma chora em silêncio,
nas madrugadas ritmadas
por pensamentos diversos,
recitados nas vozes d´alma
de um ser solitário
que debruça sobre a vida,
enquanto o tempo adormece
cimentando sobre os sonhos,
flores coloridas...
Poemas imperfeitos
sobre páginas brancas,
soltas,
levadas pelo vento
além desta vida...
Denia Dutra
Poesia - fevereiro/2015
Imagem - desenho - 1983
www.facebook.com/deniadutra.escritora
sexta-feira, maio 29, 2015
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